terça-feira, abril 11, 2006

Meditação a primeira e ultima liberdade

MEDITAÇÃO - A PRIMEIRA E ÚLTIMA LIBERDADE

"Quando não se está a fazer absolutamente nada - corporalmente, mentalmente, a nenhum nível - quando toda a actividade cessou e simplesmente se está, isso é meditação. Não se pode fazê-la, não se pode praticá-la: só há que compreendê-la.
Sempre que puderes, encontra tempo para apenas estar, abandona tudo o que fazer. Pensar é igualmente fazer, a concentração é igualmente fazer, a contemplação é igualmente fazer. Ainda que por um breve momento, não estejas a fazer nada e apenas estejas no teu centro, em absoluta descontracção - isso é meditação. E uma vez que tenhas adquirido a sua aptidão, podes permanecer nesse estado pelo tempo que quiseres; enfim, podes permanecer nesse estado durante vinte e quatro horas por dia.
Uma vez que tenhas adquirido consciência do modo como o teu ser pode permanecer imperturbável, podes começar lentamente a fazer coisas, tendo cuidado para que o teu ser não fique agitado. Essa é a segunda parte da meditação - primeiro, ensinando apenas a estar, depois ensinando pequenas acções: limpar o chão, tomar duche, mas mantendo-te centrado. A partir daí, podes fazer coisas mais complicadas. Por exemplo, estou a falar contigo, mas a meditação não é perturbada. Posso continuar a falar, mas no meu centro não existe sequer um murmúrio; é apenas silêncio, silêncio absoluto. Assim a meditação não é contra a acção. Não é que tenhas de fugir da vida. Apenas te ensina um novo modo de vida: passas a ser o centro do ciclone.
A tua vida continua; na verdade prossegue mais intensamente - com mais alegria, com mais clareza, mais visão, mais criatividade, no entanto, estás distante, mero observador no cimo das montanhas, vendo simplesmente tudo o que está a acontecer à tua volta. Tu és alguém que faz, és um observador. É todo o segredo da meditação, que passes a ser o observador. Fazer, continua ao seu próprio nível; não há problema: cortar lenha, tirar água do poço. Podes fazer coisas pequenas e grandes; só uma coisa não é permitido, que é perderes o teu centro. Essa consciência, essa atenção, devem permanecer absolutamente desenevoadas, imperturbáveis.
(...)
Lembra-te disto, que é de facto algo estranho: quando estás triste nunca pensas que isso pode ser imaginação. Nunca me cruzei com um homem que estivesse triste e me dissesse que talvez fosse imaginação sua. A tristeza é perfeitamente real. Mas, e a felicidade? - imediatamente é algo que está errado e começas logo a pensar: "Deve ser imaginação." Sempre que estás tenso, nunca pensas que é imaginação. Se fores capaz de pensar que a tua tensão e ansiedade são imaginárias, elas desaparecerão.
E se pensares que o teu silêncio e felicidade são imaginários, eles desaparecerão. Tudo o que for considerado real, torna-se real. Tudo o que for considerado irreal, torna-se irreal. És o criador de todo o mundo que te rodeia; lembra-te disso. É tão raro atingir um momento de felicidade, de bem-aventurança - não o desperdices a pensar. Mas se não fizeres nada, fica a possibilidade de preocupação. Se não fizeres nada - se não dançares, se não cantares, se não partilhares - fica a possibilidade. A própria energia que poderia ser criativa irá ficar, preocupação. Começará a criar novas tensões interiores."
Osho, "Meditação - A Primeira e Última Liberdade", Editora Pergaminho